Pesquisadora defende dissertação sobre Coletivo Pode Crer
- podecrercoletivo
- 5 de ago. de 2019
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"COLETIVO PODE CRER: FABULAÇÕES E INTERVENÇÕES VISUAIS NO TERRITÓRIO DAS GOIABEIRAS" é uma dissertação produzida por Raquel Araújo, socióloga que investigou as experiências de produção e exibição audiovisual do Coletivo Pode Crer no território das Goiabeiras ao longo dos anos de 2018 e 2019.
A dissertação foi defendida no Curso de Mestrado Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Estadual do Ceará.
O trabalho discute a produção do território “periferia” e da “Comunidade Goiabeiras” a partir de uma pesquisa intervenção realizada junto ao coletivo audiovisual Pode Crer. A pesquisadora buscou compreender como esse lugar é fabulado mediante discursas orais e práticas artísticas que acompanhou junto ao coletivo. A análise gira em torno de filmes, etnografias, entrevistas e ensaios que pensam a “periferia” e o “lugar” como categorias fluídas, que se fazem no próprio ato da pesquisa, pela produção compartilhada de imagens e pelo compromisso ético e político. A metodologia da pesquisa-intervenção e a ideia de antropologia compartilhada ganham uma forma experimental e multifacetada na medida em que os percursos e descobertas são narrados junto aos integrantes do Coletivo Pode Crer. A partir da discussão em torno da produção de “território” e “identidades”, a metodologia da pesquisa e a pesquisadora transformaram-se em objeto de análise, uma vez que foram fatores decisivos para a produção de território, compreendido tanto como espaço vivido quanto um sistema percebido no seio do qual um sujeito se sente “em casa” (GUATTARI; ROLNIK, 1996). As políticas culturais desenvolvidas nos chamados “territórios de vulnerabilidade social” e com as “juventudes”, tais como os Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cucas) e seus respectivos editais públicos mostram-se fatores decisivos no desenvolvimento das ideias de “território” e “identidade” para o Coletivo. Essas ideias transformam-se e ganham singularidade na medida em que as ações culturais, especificamente as de produção fotográfica e audiovisual, são praticadas no cotidiano e com os vizinhos do bairro. A produção cultural do território de moradia e de personagens referenciais em torno da ideia de “periferia” emerge como prática política de resistência a textualizações arbitrárias do local de moradia, tais como as dos programas policialescos, das políticas de turismo e as dos mercados de drogas. Nesse ínterim, o litoral da cidade de Fortaleza torna-se um território de disputas políticas que, nesse trabalho, são percebidas também como disputas pelo imaginário coletivo do lugar.
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